Em meio a tantas afirmações que me marcaram neste final de semana, talvez esta tenha sido a que mais me tocou. Participei da escola de formação João Paulo II, promovida pela Arquidiocese da Paraíba, que teve como ministrante o Bispo Auxiliar de Campo Grande, Dom Eduardo Pinheiro, que é o presidente da Comissão Episcopal Pastoral da Juventude da CNBB. Além do peso de ter um curso ministrado pelo responsável pela juventude no Brasil, pudemos nos deleitar com a simplicidade de um homem de Deus, humilde, carismático, e principalmente, completamente realizado e feliz com sua vocação.
Há um tempo andava me sentindo angustiada, frustrada e cansada. Não entendia porque me sentia assim, não sabia porque estava fria, minha relação com Deus estava distante e cheia de obstáculos. E isso se refletia em muitas áreas de minha vida e eu simplesmente não entendia o porquê de me sentir tão pra baixo, se servir a Deus sempre foi o motivo de minha felicidade.
Até que chegou esse final de semana e nas palavras simples, claras e objetivas de Dom Eduardo eu pude perceber a raiz do problema: Deus não estava sendo um Pai para mim, mas um patrão. Eu havia criado uma relação dura e cheia de burocracias com Ele, não havia mais uma amizade, apenas cobranças (comigo mesmo), era como aquele filho pródigo que desejava apenas ser tratado como um dos empregados porque achava que não merecia ser chamado mais de filho; eu esqueci o olhar de Amor que Deus tem comigo.
As vezes, vamos nos enchendo de tantas coisas, atividades, cobranças, as vezes julgamos estar numa 'maturidade espiritual" que não necessita de nenhum consolo e arriscamos perder esse primeiro Amor, esse colo, esse carinho. Vamos endurecendo o coração. Eu lembro que há um tempo era tão leve ser de Deus, era como ter um amigo, com quem eu podia conversar, decidíamos juntos o que íamos fazer e tudo ia dando certo aos poucos. E onde tudo se perdeu? A vida vai ficando dura, mas não precisamos ficar duros como ela, nem tudo tá perdido.
A santidade, dizia Dom Eduardo, não precisa ser enxergado como uma meta em si, porque o caminhar em buscar dela já é vivê-la, na verdade, ser santo, é um jeito de caminhar. Vamos cair, nos frustrar, vamos pecar, mas isso não deve nunca nos paralisar, mas precisamos olhar para essas limitações, encara-las e supera-las, como maturidade, reto coração e entrega à vontade de Deus. Mas eu não estava vivendo dessa forma, na verdade tudo era um grande peso, uma lista de obrigações que ao final do dia eu ia lá verificar seu eu tinha cumprido todas elas.
Viver assim me fazia surda à voz de Deus, eu não O sentia mais em canto nenhum, em ninguém, e pior, já estava me acostumando com isso, porque achava que fazia parte do processo de maturidade, mas nesse final de semana percebi que na verdade não era isso, mas era um coração de pedra que estava batendo dentro de mim e por isso era tão difícil de me entregar, de ouvir, de fazer a vontade d'Ele. Deus quer nossa felicidade, Ele não brinca conosco, não deseja o nosso mal e se deixarmos nossa vontade nas Suas mãos, devemos confiar que vamos receber o melhor, porque um Pai só quer o melhor para seu filho, e é isso que somos, não somos empregados.
O objetivo da Escola de Formação foi nos ajudar a organizar o Projeto Pessoal de Vida, baseado no livro "Vida: um Projeto em Construção", de Dom Eduardo, onde todas essas reflexões (e mais algumas outras) foram propostas, a fim de planejarmos nossas vidas à luz de Deus, caminhando com Ele e percebendo que quem mais deseja nossa felicidade é Deus e por isso precisamos ouvi-Lo. Foi um final de semana renovador na minha fé, no meu serviço e em todas as dimensões de minha vida.
Saí de lá com a certeza que sou muito amada, fortalecida para servir onde quer que eu esteja, com a convicção que os sonhos mais lindos o Senhor tem para mim e eu desejo sonhar com Ele e principalmente, com o desejo de NUNCA MAIS ESQUECER de que tenho um Pai que olha, cuida, defende e renova minhas forças. Um Pai, um amigo, meu Mestre, meu TUDO! Você também tem um Pai, Deus não é seu Patrão!