segunda-feira, 8 de junho de 2015

Apenas vasos de barro.

Arrogância é um dos piores pecados que podemos cometer na nossa caminhada cristã, um dos piores porque ele impede de vermos quem somos de verdade. No processo de amadurecimento é necessário uma visão realista de quem somos, de nossas capacidades, nossos limites, e isto não quer dizer que estamos nos diminuindo ou nos rebaixando, ao contrário, quando sabemos quem somos e o que temos para oferecer, podemos potencializar essas características, ao passo que quem presume ser quem ou o que é não é, perde muito tempo e energia naquilo que não vale a pena.

Quando enxergamos a nós mesmos, ficamos também mais tolerantes com os limites dos outros, já que podemos olhar o próximo como um igual a mim, como diz Padre Fábio, alguém com virtudes e limites. E existe muita beleza nisso tudo. 

Deus é dotado de toda plenitude, Ele é infinito absolutamente em TUDO, sendo assim, criou a cada ser humano com características próprias (beleza, qualidades, talentos). Ninguém é igual a ninguém, mesmo as pessoas com mais afinidades não podem dizer-se iguais e isto é bom (porque tudo que Deus faz é bom) pois garante que não sejamos auto-suficientes, faz com que precisemos uns dos outros para que tudo saia na mais perfeita ordem e assim possamos viver o amor. Acredito que só podemos viver o amor nas diferenças.

Ser arrogante significa que nos sentimos melhores que outras pessoas, não respeitamos o outro, achamos que estamos acima de qualquer erro ou defeito. Quando estamos na caminhada cristã acontece muito desse pecado entrar naquilo que consideramos santidade. Pensamos estar tão perfeitos que julgamos os outros menos santos que eu. E isso é extremamente perigoso, por dois motivos óbvios: não conseguimos mais crescer espiritualmente e paramos de olhar o outro com amor.

Se eu acho que sou perfeito, não preciso mais mudar nada, estou pronto. Tenho excelentes qualidades, vivo todos os mandamentos, minhas devoções garantem que sou dedicado e disciplinado, ou seja, cheguei ao nível mais alto que alguém pode chegar. Pra piorar, começo a olhar o outro sob minha perspectiva, sob minha imaculada conduta de vida: pecador, preguiçoso, rebelde, desobediente. Isso tudo porque acredito que viver no meu estilo de "santidade" é o único caminho para chegar-se a ela. 



Precisamos ter um olhar crítico para conosco. É claro que Deus nos chama conforme nosso estado de vida, de acordo com nossas qualidades, considerando os nossos defeitos, isso acontece com TODOS, portanto não posso olhar meu irmão me considerando melhor, porque ele certamente é melhor que eu em algo, como sou melhor que ele em outra coisa, e assim vamos unindo nossas diferenças e formando o povo de Deus, povo santo e pecador, que busca no final das contas o céu.

Carregamos o tesouro que somos em vasos de barro para que tenhamos a certeza que tudo que somos e temos de bom provém de Deus (cf. 2 Cor 4, 7); temos muitas coisas boas dentro de nós, mas precisamos usar tudo isso com a certeza que devemos colocar isso em serviço ao outro, que todos temos limitações, que é preciso valorizar o próximo porque o mundo já nos tira demais o nosso valor e como cristãos que somos precisamos espalhar por aí que Deus ama a todos nós como nós somos. E sendo Deus perfeito da forma que é, mesmo assim nos ama, porque eu, imperfeito como sou, não amo e respeito o outro do jeito que ele é? Não faz sentido, não é mesmo? 

Que possamos aprender a amar quem está ao nosso lado, que possamos olhar a cada um com olhos de acolhida e respeito, que possamos olhar para dentro de nós mesmos e enxergarmos a verdade de quem somos e do que não somos. Que caminhemos rumo à santidade, caindo, levantando, mas nunca desistindo e ajudando a todos ao nosso redor a se levantarem quando caírem para chegarmos juntos à Pátria Celeste. 

Pela intercessão de Nossa Senhora, que o Senhor Jesus nos conceda um coração manso e humilde, como o d'Ele.