Todos nós recebemos talentos de Deus, por mais inútil que você possa se sentir ou até mesmo os outros possam lhe qualificar, no fundo você sabe que tem algo que faz bem. A princípio o importante é identificar aquilo que você sabe fazer e depois aprimorar. Pode parecer simples, mas para alguns esse processo é lento, difícil e doloroso.
Não posso dizer estatisticamente, porque nunca fiz uma pesquisa e desconheço alguma do gênero, mas acredito eu que pra maioria das pessoas, já na infância, as habilidades naturais delas vá se destacando de algum modo: cantar, desenhar, esportes, liderar e assim por diante. Em ambientes saudáveis e normais, essas inclinações vão tomando forma e as pessoas são conduzidas às realidades que condizem com tais vocações. Entretanto, nem todo ambiente é saudável e normal.
Infelizmente alguns pais e educadores castram os sonhos das crianças e adolescentes que começam a se descobrir e descobrir o mundo. O preconceito, o status, o dinheiro, muitas vezes são cercas que impedem as pessoas de se descobrirem e perceberem quem são e o que elas têm dentro delas e por isso passam a vida inteira sem saber o que vieram fazer aqui nesse mundo. Não sabem pra onde vão, o que querem e se sentem perdidas, vazias, sem sentido na vida. Têm tudo, mas no fundo não têm nada, e pior, nem sabem muitas vezes o motivo desse vazio, porque simplesmente não conhecem a causa dessa angústia.
Eu tenho a oportunidade de conhecer muitas pessoas, sobretudo jovens, que passam pelas pastorais/grupos que participo e digo, sem medo de errar, que a grande maioria dessas pessoas não sabem ao certo quem são. São pessoas imaturas, indiferentes ao mundo ao redor, carentes e desequilibradas (eufóricas ou depressivas). E o que isso tem relação com os talentos que falei no início? Tudo!
Quanto mais eu me conheço, quanto mais eu disponho de mim, diz Padre Fábio de Melo em seu livro "Quem me roubou de mim?", mais posso oferecer-me aos outros. A liberdade consiste nisso: dispor de si e doar-se ao outro. O primeiro passo, entretanto, deve ser sempre o autoconhecimento, saber os seus limites, saber quem você é e quem você não é, o que gosta e o que não gosta; isso tudo faz parte de um processo interior que vai fundo na alma, que prescruta o mais profundo de si, até mesmo nas mazelas onde existem feridas, lixos, escuridões que precisam ser curadas, jogados fora, iluminadas e desta forma, vamos encontrando quem somos e o que podemos oferecer ao outro, nossos talentos, aquilo que somos bons e nem mesmo sabíamos.
Agora, livres de quaisquer peso, podemos usar nossa vocação sem orgulho ou vaidade, mas como uma oferta a Deus, como gratidão, como uma contribuição na construção do Reino de Deus, pra melhorar a vida de meus irmãos, da minha família. Eu posso usar aquilo que sei fazer, sem me achar melhor que ninguém, mas também sem me menosprezar e me diminuir com autodepreciação, porque Deus não nos olha assim, Ele sabe o valor que temos, então porque não nos olharmos assim também?
Meu irmão, minha irmã, se for preciso passar por todo processo doloroso de limpar a sua casa pra descobrir que talento é esse que está escondido na bagunça, que assim seja, mas não permita que a vida passe sem sentido porque um dia disseram como você tinha que ser ou o que você tinha que fazer. Olhe-se sinceramente, virtudes e limites, e permita Deus arrumar seu coração e mostrar o terreno fértil que Ele fez seu coração quando você nasceu.
Que o Espírito Santo venha conduzir nossa vida, nos fazer mais maduros. Vem, Senhor, até o mais profundo de nosso coração e nos revela a Tua vontade; vem mostrar o que ainda está longe de Ti para que possamos nos libertar. Ajuda-nos a encontrar nossos talentos para te servir mais e melhor, Pai, pois queremos ser só teus, queremos caminhar na Tua vontade. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário