quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Independência ou Morte!

Hoje comemoramos em nosso país uma data muito importante: a independência do Brasil em relação a Portugal. Não irei discorrer de forma profunda sobre tal assunto, mas é fato que essa independência é extremamente relativa, porque na verdade nosso país ainda vive sob certas dominações, sejam elas políticas, econômicas, culturais.

A bem da verdade, essa "conquista" da liberdade não foi algo lutado, almejado, suado e sonhado por esse povo, afinal assim como em 1822, nós ainda temos uma maioria excluída da educação, formação, cultura, entre tantas outras necessidades básicas. Diferente de outras nações da América do Sul, nosso povo ainda não tem uma identidade, um sentimento de patriotismo inato; percebemos isso quando não vemos reação nenhuma diante dos absurdos que temos nas nossas casas legislativas, judiciárias e executivas, simplesmente aceitamos e nem ao menos protestamos, coisa que não acontece em outros países latino-americanos, que apesar de serem mais pobres financeiramente, são muito mais politizados e conscientes de seus direitos e deveres.

E porque estou falando de tudo isto aqui? Acontece que refletindo neste sentido, faço uma analogia à nossa caminhada, nossa espiritualidade. Qual é o nível de liberdade que temos dentro de nós?

Uma coisa é fato: pela Morte e Ressurreição de Cristo fomos libertos, mas o que isso significa na prática?

Quando recordamos a história do povo de Deus, percebemos muitas semelhanças em nossa própria história pessoal. A princípio, o povo hebreu segue rumo ao Egito liderados por José, em busca de fartura, pois eles estavam vivendo uma época de privações; ao chegarem lá, foram bem recebidos e viviam de certa forma livres, todavia, com o passar dos anos, foram percebendo que aos poucos eles perdiam pequenas liberdades o que culminou com a escravidão total; foi preciso Deus suscitar no meio deles um profeta que despertasse no coração daquele povo amado o desejo da liberdade novamente, foram preciso muitas provas e prodígios para que finalmente eles partissem para a Terra Prometida.

Acontece que a liberdade tem um preço. E esse preço foi pago às duras penas, com muitas provações e correções; foram necessários 40 anos para que aquele povo fosse finalmente formado e preparado para a conquista de Canaã, anos estes que de tão difíceis, muitas vezes fez aquele povo LIVRE desejar a escravidão de novo, porque apesar de tudo que viveram ali, eles tinham comida e bebida. Foi realmente um tempo difícil para todos eles, inclusive Moisés, prefiguração de Cristo, que também sofria por ver seu povo amado naquelas condições e pior, por vê a fraqueza e falta de perseverança de muitos.

E assim podemos entender a dinâmica da salvação de Cristo, que nos libertou de uma vez por todas. Ele mostrou com milagres, prodígios e sinais que era verdadeiramente Filho de Deus, ele caminhou com aquele povo, ensinou, corrigiu, chorou e sorriu; foi 100% Deus e 100% homem, diferente "somente" porque não cometia pecados. E mais, que sofreu a morte, e morte de Cruz, sendo crucificado por aquele mesmo povo que ele curou e acolheu. Entretanto, ao fim de tudo, ressuscitou, vencendo a morte e nos dando a liberdade, selando conosco a aliança definitiva e perfeita.

"Estais, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, 
e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão." (Gl 5, 1)

Quando Paulo nos escreve em Gálatas e mais especificamente nesta passagem, ele se refere à realidade que os judeus viveram, não somente no momento do deserto, mas que ainda viviam, presos à observância da Lei, mas também podemos atualizar para nossa vida espiritual.

Como o próprio Bento XVI nos ensina: Em Cristo, o Amor torna-se rosto em sua Pessoa ( Cf. Caritas in veritate), ou seja, Cristo não é simplesmente uma ideologia ou uma ideia, mas é uma PESSOA, por isso não podemos enxerga-Lo de forma distante, porque Ele é, foi e sempre será e PRECISAMOS nos aproximar d'Ele afim de que nos encontrando com o Deus-Homem tenhamos dimensão do que somos verdadeiramente. Distantes de Jesus, simplesmente ficamos divididos em nós mesmos, perdidos e sem rumo, o que nos leva facilmente por qualquer lugar, sem identidade, sem firmeza e aceitando qualquer escravidão que nos proponha, uma liberdade de maneira enganosa, pois Jesus é a PLENITUDE do Homem, plenitude esta que devemos buscar, apesar de nossas limitações.

É preciso se encontrar com Cristo, é preciso estar em comunhão com sua doutrina e mais ainda, em comum-união com Seu Coração Misericordioso que nos acolhe e nos ama além e apesar de tudo. Sem essa VERDADE nunca seremos livres plenamente, porque somente enraizados e edificados em Cristo, seremos firmes em nossa fé (Cf Cl 2, 7); e então pode vir deserto, fome, nudez, tempestades, nada pode abalar nosso interior (Cf Rm 8, 35-39), porque somos livres PARA Cristo e até mesmo o sofrimento torna-se glória, pois temos plena convicção que nossa meta é o céu.

Não permita que ninguém declara sua independência, porque sua liberdade fica nas mãos desta mesma pessoa. Lute, busque, batalhe sua liberdade interior, porque livre você já é, só precisa tomar posse disto. E mesmo que com ela venham as provações e correções, perseverem, porque Deus prova aquele que ama e corrige porque quer que sejamos firmes (Cf Eclo 2).

Grite você mesmo: INDEPENDÊNCIA OU MORTE! Pois de fato, escravos do pecado, só temos um destino: a morte!

Deus nos conserve em sua paz e Nossa Senhora nos guarde!

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