"Não fostes vós que me escolheram, mas eu que vos escolhi."
(Jo 15, 16)
Mesmo sendo o próprio Cristo a nos revelar isso, para muito ainda não é fácil de aceitar esta verdade. É preciso muita fé para crer nisto com convicção e ao mesmo tempo não fazer disto um motivo de glória pessoal!
A maioria de minhas amizades se encontram na Igreja e apesar disto, dificilmente reconheço essa verdade na vida dos que me rodeiam, aliás, são poucos que entendem o que isso quer dizer; eu mesma demorei muito tempo e ainda hoje eu vacilo.
"Não foram vós que me escolhestes..."! Já começamos com uma contradição interior, porque na nossa mentalidade medíocre, entendemos que por sermos feitos de escolhas, também escolhemos estar na Igreja, servindo a Deus. Esse pensamento deriva de uma auto-suficiência que muitas vezes está mascarada e é um dos maiores problemas neste reconhecimento que fomos escolhidos. Poderíamos achar que somos especiais, mas nosso ego foi atingido, porque nossa liberdade foi posta em questionamento e nossa humanidade rejeita tudo que confronta essa "liberdade". O que deveria ser uma graça, torna-se um peso, porque não podemos conceber uma realidade onde eu não posso escolher para onde eu vou, porque alguém já fez isto por mim!
Eu cheguei a esta conclusão porque conheço muitas pessoas que não se importam com o chamado que receberam. Ignoram, desprezam, zombam muitas vezes; eu acredito que não reconhecer o chamado de Deus na nossa vida só pode ser explicado pelo orgulho, pela vontade de ser dono de si mesmo, pela vaidade de achar que pode escolher melhor que Deus, os caminhos a percorrer! Só o apego ao mundo explica meu NÃO e minha revolta com a vontade de Deus.
Quando eu não tenho dentro de mim a convicção que fui chamada por Deus, nada faz sentido. E mesmo quando estou, aparentemente, numa caminhada cristã, facilmente prefiro o mundo, porque no nosso coração não regamos essa semente, esse chamado!
Muitas vezes em minha caminhada, tratei com indiferença minha missão. Levei de qualquer forma, não fiz o melhor que eu podia, nem dei o melhor que poderia dá, porque simplesmente não estava concreto dentro de mim a verdade que não fui eu que decidi, mas o próprio Deus que me chamou pelo nome e me deu a missão!
É preciso muita fé e experiência com Deus para poder perceber isto na vida; é preciso coragem! Jesus não exitou porque Ele sabia quem era e qual sua missão, era Ele quem devia redimir o mundo e o fez, mesmo quando exigiu de sua humanidade até a última gota de sangue, literalmente, mesmo quando exigiu de seu coração de homem, o sabor amargo de ser traído, abandonado, negado, mesmo quando a sua missão exigiu de suas costas, carregar não somente aquele madeiro, mas todos os pecados da humanidade.
Precisamos desta coragem também, que faz com que nós amemos mais a causa do que a nós mesmos! E só é possível amar essa causa quando reconhecemos em nós, um chamado, uma convocação do próprio Deus, quando percebemos que por nossa vontade poderíamos estar em qualquer lugar, mas por vontade (amor) de Deus, estamos aqui!
Como você se sente? Talhado em sua liberdade? Ou um filho amado de Deus, que recebeu uma missão? Somos livres e podemos escolher nossos próprios caminhos, mas certamente, o chamado que Deus tem para cada um de nós, é fonte de alegria, paz e esperança!
Escolhe, pois, a vida! (Dt 30, 19b)
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