Me apaixonei cedo pelas PALAVRAS, desde criança o mundo das letras me encantou e a forma que eu me expressava era escrevendo, minha imaginação criava asas nas leituras e minha curiosidade encontrava porto seguro nos livros. Aprendi na mesma época que as mesmas palavras que me encantavam e me deixavam tão feliz eram capazes também de machucar, de ferir, de traumatizar. Palavras são assim, ecoam em nós, para o bem ou para o mal, por isso precisamos ter cuidado com elas, porque quando as pronunciamos não podemos voltar atrás.
Acontece que um dia, UM BELO DIA, que não sei dizer exatamente quando, mas eu sei que esse dia chegou, eu conheci A PALAVRA. E isso mudou tudo em minha vida. Eu finalmente entendi o sentido de todas as coisas, todos os livros, todas as músicas, as poesias, todas as frases, toda e qualquer palavra só fazia sentido se se encontrasse com A PALAVRA porque quando elas não caminhavam juntas aquelas eram apenas palavras ao vento, vazias, destituídas de qualquer valor. A PALAVRA mexeu tanto comigo que eu desejava encontra-La em todo lugar, mesmo aquelas palavras que inicialmente não convergiam para ELA eu tentava conduzi-las. E porque tanto esforço, porque tanta “loucura” por isso?
Essa PALAVRA que mudou minha vida não são simplesmente (ou somente) as palavras da Bíblia, não são os textos da Santa Igreja Católica, mas o PRÓPRIO VERBO, foi o próprio CRISTO que começou a habitar dentro de mim. Na verdade, Ele já morava, mas eu não sabia, porque como dizia Agostinho, procurava minha felicidade fora e ela estava dentro. Essa PALAVRA que habita em mim, curou (e ainda está curando) todas as palavras “mal-ditas”, esse VERBO que age em mim, me faz reagir no mesmo sentido, porque esse verbo é AMAR e sendo amada eu amo.
Eu descobri enfim, que o amor que Deus plantou desde cedo em mim pelas palavras era apenas uma preparação para amar A PALAVRA fonte de salvação, misericórdia, felicidade e amor. E da mesma forma que desde criança meu coração era depositado nas linhas dos cadernos, hoje meu coração continua sendo depositado nas palavras, mas como um mero instrumento nas mãos de Deus, como diz meu irmão João Maurício Gurgel: toma conta dos passos meus, do meu coração que é Teu, da vida que é minha, MAS QUEM ESCREVE NÃO SOU EU.